Sergio Camargo

mis piedras — Sergio Camargo
Mar 26th 2021 -Jun 26th 2021

Curated by:

Carlos Nunes

,

Marilucia Bottallo

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Sergio Camargo
ateliês em Laranjeiras e Botafogo / Rio de Janeiro 1950 — 1959
02
Sergio Camargo
ateliê em Paris (Villejuif) / França 1961 — 1962
03
Sergio Camargo
ateliê em Soldani - Massa / Itália 1964 — 1990
04
Sergio Camargo
ateliê em Jacarepaguá / Rio de Janeiro 1975 — 1990
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Sergio Camargo
Exposição permanente, Paço Imperial / Rio de Janeiro — 2002
06
Sergio Camargo
Muro estrutural do Palácio do Itamaraty / Brasília — 1965
07
Sergio Camargo
Muro de concreto do Centro Empresarial Itaú / São Paulo 1983 — 1986
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Sergio Camargo
Jogo de xadrez 1979 — 1980

Curatorial Text

Sergio Camargo tinha uma relação muito próxima com a matéria-prima de seus trabalhos. Amava as ‘pedras’. Utilizou, também, outros suportes para sua produção, como a madeira e a argila. Em todos esses meios, em especial, no mármore de Carrara e no Negro Belga encontrou uma síntese possível entre conceito e expressão. O espaço do ateliê, local onde passava muitas horas em estado meditativo, segundo o relato de quem com ele conviveu, era onde suas obras eram gestadas e dadas ao mundo. A análise detalhada de cada aspecto de suas produções indica que, possivelmente, o ato de mirar as pedras o levava a elaborar a obra completamente antes de partir para o gesto. Assim, pensamento e ato criador estabelecem uma relação de equilíbrio. Com enorme cuidado no processo de produção, Sergio Camargo nos sugere que tinha um conhecimento profundo e amplo sobre sua própria obra como uma projeção e uma eventualidade no mundo. Tal concepção nos abre a perspectiva de refletir – arbitrariamente – sobre como se dava a passagem dos eventos de sua consciência para o plano das ideias e destas para a materialidade que se apresenta completa, íntegra, convidando-nos a participar ativamente na assimilação destas evidências materiais do seu mundo sensível, poético e conceitual. Mis piedras – Sergio Camargo é um convite à intimidade do artista no seu vínculo com as obras em processo de criação, mas também com o espaço no qual o artista se dava a conhecer a si e àqueles que tiveram a feliz oportunidade de com ele conviver. Essa exposição, elaborada como uma derivação reflexiva do livro homônimo organizado pelos curadores dessa mostra para o Instituto de Arte Contemporânea, traz uma narrativa visual dos diversos ateliês do artista em Laranjeiras, Botafogo e Jacarepaguá no Rio de Janeiro, em Paris e Malakoff na França e no ateliê Soldani em Massa, na Itália. Além disso, trouxemos imagens das montagens de duas obras monumentais, a instalação mural do Palácio do Itamaraty e o muro de concreto do Centro Empresarial Itaú. Buscamos mostrar, ainda, algumas imagens de seu ‘jogo de xadrez’ feito em escalas as mais diversas. Finalmente, porém, igualmente importante, apresentamos imagens da remontagem de seu atelier de Jacarepaguá – o último – feito sob a orientação e cuidados de Raquel Arnaud e instalado em caráter permanente no Paço Imperial do Rio de Janeiro logo após seu falecimento. Cremos que manter em exposição o ateliê de Sergio Camargo é uma forma de adentrar, ainda que de maneira tangencial, seu rico e intrincado universo criador. A exposição tem um pequeno mapa que orientará o visitante nos distintos ateliês de Sergio Camargo que perfazem uma cronologia de ocupação dos mesmos e que vai de 1950 a 1990. Mis piedras – Sergio Camargo é um convite ao pensamento, mas também, à sensibilidade, à confiança e ao conforto de um espaço privado tornado público pelo registro fotográfico feito em diversos momentos pelos mais distintos meios técnicos e processos. A fotografia, como uma experiência pessoal e fortuita acentua intencionalmente a escolha dos curadores na busca de um jogo entre o interiorizado – como estado de espírito – e o compartilhado – como uma das facetas possíveis do artista e de sua relação absolutamente envolvente com sua obra e com a própria arte como modo de conhecimento sobre o mundo. ___ Sergio Camargo had a very close relationship with the raw material of his works. He loved ‘stones’. He also used other supports for his production, such as wood and clay. In all of these media, especially in Carrara marble and Negro Belgian, he found a possible synthesis between concept and expression. The space of the studio, where he spent many hours in a meditative state, according to the account of those who knew him, was where his works were gestated and given to the world. The detailed analysis of each aspect of his productions indicates that, most probably, the act of looking carefully at the stones led him to elaborate the work completely in his mind before going on to the gesture. Thus, thought and creative act establish a balanced relationship. With great care in the production process, Sergio Camargo suggests that he had a deep and wide knowledge about his own work as a projection and an eventuality in the world. This conception opens the perspective of reflecting - arbitrarily - on how the events of his conscience moved to the sphere of ideas and from these to the materiality that appears complete, integral, inviting us to participate actively in the assimilation of these material evidence of his sensitive, poetic and conceptual world. Mis piedras - Sergio Camargo is an invitation to the artist's intimacy in his connection with the works in the process of creation, but also with the space in which the artist made himself known for those who had the joyful opportunity to share these moments with him. This exhibition, elaborated as a reflexive derivation of the homonym book organized by the curators of this exhibition for the Instituto de Arte Contemporânea (Contemporary Art Institute), brings a visual narrative of the artist's various studios in Laranjeiras, Botafogo and Jacarepaguá in Rio de Janeiro, Paris and Malakoff in France and at the Soldani studio in Massa, Italy. In addition, we brought images of the installation of two monumental works, the mural of Itamaraty Palace and the concrete wall of Itaú Business Center. We also showed some images of his ‘game of chess’ made in the most diverse scales. Finally, however, equally important, we present images of the re-installation of his Jacarepaguá studio - the last one he had - built under the guidance and care of Raquel Arnaud and permanently exhibited at Paço Imperial in Rio de Janeiro shortly after his death. We believe that keeping Sergio Camargo's studio on display is a way of adding, even if in a tangential way, its rich and intricate creative universe. The exhibition has a small map that will guide the visitor in Sergio Camargo’s different studios that make up a chronology of occupation from 1950 to 1990. Mis piedras - Sergio Camargo is an invitation to thought, but also, to the sensitivity, confidence and comfort of a private space made public by the photographic record made at various times by the most different technical means and processes. Photography, as a personal and fortuitous experience, intentionally accentuates the choice of the curators in the search for a game between the interior - as a state of mind - and what is shared - as one of the possible facets of the artist and his absolutely involving relationship with his work and with art itself as a form of knowledge about the world.

Tags: sergio camargo, workshops, photography, documents, archive, stones

01.

Sergio Camargo

ATELIÊS EM LARANJEIRAS E BOTAFOGO / RIO DE JANEIRO 1950 — 1959

02.

Sergio Camargo

ATELIÊ EM PARIS (VILLEJUIF) / FRANÇA 1961 — 1962

03.

Sergio Camargo

ATELIÊ EM SOLDANI - MASSA / ITÁLIA 1964 — 1990

04.

Sergio Camargo

ATELIÊ EM JACAREPAGUÁ / RIO DE JANEIRO 1975 — 1990

05.

Sergio Camargo

EXPOSIÇÃO PERMANENTE, PAÇO IMPERIAL / RIO DE JANEIRO — 2002

06.

Sergio Camargo

MURO ESTRUTURAL DO PALÁCIO DO ITAMARATY / BRASÍLIA — 1965

07.

Sergio Camargo

MURO DE CONCRETO DO CENTRO EMPRESARIAL ITAÚ / SÃO PAULO 1983 — 1986

08.

Sergio Camargo

JOGO DE XADREZ 1979 — 1980

Sergio Camargo

Rio de Janeiro, State of Rio de Janeiro, Brazil

Brazilian, b. 1930

Sergio Camargo nasce no Rio de Janeiro em 1930. Estuda na Academia Altamira em Buenos Aires, em 1946, com Emilio Pettoruti e Lucio Fontana. Na Europa, para onde viaja em 1948, faz curso livre de filosofia na Sorbonne, em Paris, estudando com Gaston Bachelard. Durante esse período, sofre o impacto da obra de Constantin Brancusi, cujo ateliê visita com frequência. O contato com as obras de Georges Vantongerloo, Hans Arp e Henri Laurens também estimularão sua produção futura. De volta ao Brasil em meados dos anos 1950, aproxima-se do pintor Milton Dacosta, que nesse momento produz suas principais obras construtivistas. Entre 1961 e 1973 volta a residir em Paris, frequentando aulas de sociologia da arte com Pierre Francastel, na Ecole Pratique des Hautes Etudes. Nesse período, trabalha em seu ateliê de Malakoff, ao sul de Paris, e se aproxima do ateliê Soldani em Massa-Carrara, na Itália, para realizar as primeiras obras em mármore. A convite do crítico de arte inglês Guy Brett, realiza em 1964 individual na galeria Signals, em Londres, onde posteriormente introduz Lygia Clark, Hélio Oiticica e Mira Schendel, propiciando o lançamento na Europa desses artistas. No final de 1973 retorna definitivamente ao Brasil, estabelecendo-se no Rio de Janeiro, e inicia a construção de seu ateliê - projeto de José Zanine Caldas - no bairro de Jacarepaguá. A partir desse período um grupo de artistas, tais como Waltercio Caldas, Iole de Freitas, Tunga, José Resende, Eduardo Sued; e os críticos Ronaldo Brito, Paulo Sergio Duarte e Paulo Venancio Filho, começa a frequentar seu ateliê no qual encontram um ambiente propício para discussão e reflexão. Esses encontros perdurarão até o fim de sua vida. Além do Brasil, Sergio Camargo conquista grande respeito no circuito internacional. Tem obras em museus nacionais e estrangeiros e integra conceituadas coleções privadas. Após sua morte, em dezembro de 1990, foi realizada uma exposição itinerante em vários museus no exterior, de 1994 a 1996. Em 2000, comemorando os dez anos de seu falecimento, Sergio Camargo ganha um local de visitação permanente no Paço Imperial do Rio de Janeiro. O acervo documental do artista encontra-se sob a guarda do Instituto de Arte Contemporânea, em São Paulo. ___ Sergio Camargo was born in Rio de Janeiro in 1930. He studied at the Altamira Academy in Buenos Aires, in 1946, with Emilio Pettoruti and Lucio Fontana. In Europe, where he traveled in 1948, he took a philosophy course at the Sorbonne, in Paris, studying with Gaston Bachelard. During this period, he was impacted by the work of Constantin Brancusi, whose studio he visited frequently. The contact with the works of Georges Vantongerloo, Hans Arp and Henri Laurens also stimulated his future production. Back in Brazil in the mid-1950s, he became closer to the painter Milton Dacosta, who at that time produced his main constructivist works. Between 1961 and 1973 he returned to Paris, attending sociology of art classes with Pierre Francastel, at the École Pratique des Hautes Études. During this period, he worked in his studio in Malakoff, south of Paris, and came closer to the the Soldani studio in Massa-Carrara, Italy, to carry out his first marble works. At the invitation of English art critic Guy Brett, he performed in 1964 his individual exhibition at the Signals gallery in London, where he subsequently introduced Lygia Clark, Hélio Oiticica and Mira Schendel, enabling these artists to be launched in Europe. At the end of 1973, he permanently returned to Brazil, settling in Rio de Janeiro, and started the construction of his José Zanine Caldas project-studio in the Jacarepaguá area. From that period on he joined a group of artists, such as Waltercio Caldas, Iole de Freitas, Tunga, José Resende, Eduardo Sued and others; and the critics, Ronaldo Brito, Paulo Sergio Duarte and Paulo Venancio Filho, which found at his studio a favorable environment for discussion and reflection, which will last until the end of his life. Beyond Brazil, Sergio Camargo has earned great respect from the international circuit. He has works in national and foreign museums and integrates renowned private collections. After his death, in December 1990, an international traveling exhibition was held in several museums abroad, from 1994 to 1996. In 2000, celebrating the ten years of his death, Sergio Camargo gained a permanent visitation site in the Paço Imperial at Rio de Janeiro, Brazil. The artist's archives are under the care of Instituto de Arte Contemporânea, in São Paulo, Brazil.

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Press Release

A exposição apresentada na plataforma Art Curator Grid traz ao público uma seleção de imagens fotográficas que apresentam o artista Sergio Camargo em seu atelier seja no contato com a matéria-prima de suas esculturas, seja em processo de reflexão sobre sua produção. Rio de Janeiro, Paris, Massa, hospedaram suas ‘pedras’, suas pesquisas e inquietações conceituais e pragmáticas. Camargo tem formação em filosofia pela Universidade de Sorbonne e sociologia da arte pela École Pratique des Hautes Études. A presente mostra traz um aspecto profundamente humano do artista na sua relação com a arte centrada na prática do ateliê. Com curadoria de Carlos Nunes e Marilucia Bottallo, a exposição é uma reflexão derivada do livro de mesmo nome editado pelo Instituto de Arte Contemporânea a partir do material do arquivo pessoal de Sergio Camargo ali depositado. ___ The exhibition presented at the Art Curator Grid platform brings to the public a selection of photographic images that show the artist Sergio Camargo in his studio, whether in contact with the raw material of his sculptures, or in the process of reflecting on his production. Rio de Janeiro, Paris, Massa, hosted his 'stones', and his research and conceptual and pragmatic concerns. Camargo has a degree in philosophy from the University of Sorbonne and sociology of art from the École Pratique des Hautes Études. The show brings a deeply human aspect of the artist in his relationship with his art centered on the practice of the studio. Curated by Carlos Nunes and Marilucia Bottallo, the exhibition is a reflection derived from the namesake book edited by Instituto de Arte Contemporânea based on the material of Sergio Camargo's personal archive deposited there.

More Info

Other contributors: David Forrell, Isabella Barretto, Jefferson Figueiredo, Kevin Kraus, Miguel Rosa

Agradecimentos ___ Thanks to: Equipe Art Curator Grid ___ Art Curator Grid team Aspásia Brasileiro Alcântara Camargo Família Camargo ___ Camargo's family Jeane Gonçalves Maria Camargo Piedade Epstein Grinberg